Me chamou a atenção um comentário do Robson em um share que ele fez sobre o site de rede social baseada em livros chamado skoob (http://www.skoob.com.br): 6 dos 7 livros mais lidos são da série Harry Potter.
Ora, isso certamente diz mais a respeito do público que usa o skoob do que sobre os hábitos da população brasileira em geral... mas será mesmo? Procurando um pouco, achei essa notícia com alguns dados sobre os hábitos de leitura dos brasileiros. Segundo o artigo, 39% dos leitores do Brasil têm entre 5 e 17 anos. Ora, essa faixa etária (de acordo com dados do IBGE de 2000) compreende apenas cerca de 26% da população brasileira, ou seja, os jovens lêem mais do que os adultos. Tudo bem que muitos deles só lêem porque são obrigados em seus deveres de escola. Mesmo assim... tá lá o Harry Potter em quarto lugar entre os livros mais lidos. Que eu saiba, as escolas não estão obrigando os meninos a lerem Harry Potter.
Não há como se negar que no Brasil se lê menos que na América do Norte ou na Europa. Já vi diversas teorias pra explicar isso, desde o preço dos livros à influência das novelas de TV, mas eu tenho minha própria teoria: ler em português é mais difícil que em outras línguas. Usando o inglês como exemplo, pegue um romance qualquer. O texto escrito é muito semelhante à língua falada. Se eu fosse contar a estória pra você verbalmente, sairia daquele jeito. Em português isso não é verdade. O português formal escrito é bem distante do português coloquial falado, pelo menos no Brasil. Leia esse blog, mesmo. Não é assim que eu te falaria tudo que estou escrevendo aqui. O fato da língua escrita ser distante da falada torna a leitura mais difícil e menos atraente, daí menos leitores.
Pense bem agora que maravilha está sendo para o Brasil o fenômeno Harry Potter. Estamos formando uma geração de jovens que lê por prazer e não por obrigação, que faz fila nas portas das livrarias pra comprar livros no dia do lançamento! Na minha época isso era totalmente desconhecido. As opções de livros escritos para jovens eram extremamente limitadas. Hoje existem seções inteiras nas livrarias só para eles. Com 15 anos eu li Dom Casmurro (está lá na lista dos mais lidos) e Deus me livre, que chatice foi. Jorge Amado pelo menos tinha bastante sexo, mas era chato demais também.
Hoje temos grandes livrarias em shopping centers e online, acesso fácil a livros e, o mais importante de tudo, livros que fazem os jovens gostarem de ler. Quem sabe daqui a uns 20 anos o Brasil não vai ter melhorado muito por conta disso? Nessa época, é bom olhar pra trás e mandar uma pequenina fração do nosso PIB em agradecimento à senhora já bilionária J.K. Rowling.
Aliás, falando nela, vale a pena assistir ao inspirador discurso dela aos formandos de Harvard (em duas partes, abaixo):
Parte 1:
Parte 2:
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