Acabei de ler dois livros interessantes que trazem mensagens complementares. O primeiro é Outliers, do autor Malcolm Gladwell, que também escreveu os muito interessantes The Tipping Point e Blink. Os livros dele são todos muito divertidos porque ele expõe as teorias de forma semelhante a estórias de detetive, contando um caso e depois debulhando o caso minuciosamente até chegar a uma conclusão lógica.
Outliers fala sobre pessoas consideradas de grande sucesso e busca as razões por trás desse sucesso. O autor conclui que o sucesso vem de uma combinação de fatores que incluem o legado cultural do indivíduo, o lugar e época em que nasceu e, acima de tudo, muito trabalho duro. O que se chama de "talento nato" não existe.
Em um dos capítulos, ele teoriza sobre por que os resultados em testes de matemática de alunos de países orientais são muito superiores aos de alunos de países ocidentais. Os dados que ele apresenta são simples e difíceis de refutar: para se aprender matemática, é necessário tempo e esforço; nos países orientais, dedica-se mais tempo aos estudos, inclusive com períodos de férias mais curtos; QED, os orientais aprendem mais matemática.
Gladwell vai mais além, teorizando que o motivo pelo qual no oriente se dedica mais tempo e esforço aos estudos e ao trabalho em geral é o legado cultural vindo do cultivo de arroz, que é extremamente trabalhoso e onde não se tem períodos de folga durante o ano. Tudo isso se traduz no que se observa hoje sobre o trabalho no oriente: muito eficiente, de grande qualidade e produtividade. No entanto, a teoria não explica uma das deficiências do progresso no oriente - o fato da grande maioria das inovações científicas e tecnológicas dos últimos séculos terem acontecido nos países ocidentais. Se o oriente é tão produtivo, por que não é inovador também?
A resposta parece vir no segundo livro, Slack, do Tom DeMarco, que também é autor do clássico Peopleware. Eu gosto do Tom DeMarco porque ele usa o senso comum e alguns dados pra combater as práticas gerenciais esquisitas que viram moda por aí. O ponto principal do livro é que em geral as empresas tentam otimizar o tempo que as pessoas passam trabalhando de forma a maximizar a produtividade e minimizar o tempo "desperdiçado". No entanto, isso impede a mudança e a inovação, pois se todo mundo está trabalhando em tarefas pré-concebidas o tempo todo, não há como reagir a mudanças no meio e nem sobra espaço pra fazer tentativas mal-sucedidas e inovar. Pra que haja mudanças e flexibilidade é necessário haver uma certa folga no trabalho, o "slack" do título. Prazos apertados e pressão por resultados são os inimigos da adaptabilidade.
Parece bom senso, mas também explica o fenômeno da falta de inovação no oriente: muito tempo dedicado ao trabalho e pouco tempo de papo pro ar pensando em jeitos de se trabalhar menos e ficar mais tempo de papo pro ar.
Pra terminar, um dos excelentes comerciais da IBM sobre inovação:
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário